Capítulo 6 - O Último Pesadelo!!Nossos heróis já tinham passado por Veins e pegaram os suprimentos com um funcionário da corporação de eventos incríveis. Agora estavam um pouco acima da cidade, procurando pelo covil dos vilões.
– Então Morty Magnum – Icarus falava enquanto andavam – Também aprecia os manjares de Charles Orleans?
– Nunca provei... mas eu sei fazer gelatina de Poring!
– Hã... e é bom? – Icarus fez uma cara de nojo
– Uma delícia!
– Ouvi falar que você tem um Poporing, cadê ele?
– Deixei com meus pais em Al de Baran, ele corre muito risco em minhas viagens, como essa!
– Que beleza, seus pais moram em Al de Baran e você em Juno. Basta um teleporte para visitá-los.
Metchano andava de cabeça baixa, como se estivesse inconformado com a conversa dos dois. Icarus tocou em um assunto delicado:
– Então Morty Magnum... por que você usa essa máscara feliz ridícula? Perdeu numa aposta? – Icarus falava dando gargalhadas.
– Não gosto de falar sobre isso... – Disse Morty em voz chorosa
– Mas anda sempre com ela, ou tira às vezes? Tira só pra dormir né?
– Durmo com ela.
Icarus se espantou e preferiu ficar quieto, realmente Morty Magnum era estranho. Até eu que sou narrador acho ele estranho. Metchano levantou a cabeça e disse:
– Já chegamos? – Disse Metchano como se tivesse de ser pontual em algum compromisso
– Não – Disse Icarus calmamente
– Estamos perto?
Icarus abriu o mapa, observou um pouco e marcou pontos, porém percebeu um "X" que ele não havia marcado:
– Estranho... tem um X aqui no mapa que eu não marquei.
– Deixa eu ver. – Disse Metchano estendendo a mão
Ele pegou o mapa e deu uma olhada:
– Talvez devamos ir nesse X. – Disse Metchano
– Mas esse lugar é fora do mapa! Não há trilha para ir lá.
– Bem...– Metchano queria insistir para irem – podemos ir lá já procurando por ele no caminho, e se for lá o lugar ou não, já procuramos pelo caminho até lá. A bolinha azul somos nós?
– Não, somos a bolinha vermelha, a azul é o local aproximado de onde nós caímos, acho que algumas pessoas envolvidas no acidente também já se localizaram e foram passar alguns dias em Veins, até poderem voltar, vi alguns rostos conhecidos lá.
– Também percebi, agora vamos guardar o mapa e continuar andando.
– Certo.
Icarus pegou o mapa de Metchano e guardou. Continuavam andando para o "X", mas olhando em volta para verem se encontravam algo suspeito. O guardião continuava perturbado:
– Quem você acha que marcou o X? – Disse Icarus de cabeça baixa
– Não sei. – Disse Metchano olhando para Icarus – Mas tenho certeza que devemos ir lá.
– Eu acho que foram os alienígenas! – Disse Morty Magnum olhando para o céu – Eles tudo veem, mesmo sem percebermos.
Metchano olhou para Morty Magnum como se ele fosse uma espécie bizarra de criatura:
– Você só pode estar brincando – Disse ele – Isso jamais vai ser verdade.
Icarus se lembrou de um ditado e falou, ainda de cabeça baixa:
– Uma mentira repetida diversas vezes se torna verdade.
Ao ouvir isso, Morty Magnum começou:
– Foram os alienígenas foram os alienígenas foram os alienígenas!
E continuou, até Metchano perder a paciência e gritar com ele:
– Cala boca seu idiota! Fica querendo aparecer!
Morty Magnum apontou para o céu:
– Ei! Olha! Um alienígena!
Metchano olhou para o céu, e Morty Magnum deu um tapa atrás de sua cabeça:
– Pedala! – Disse Morty rindo
O cavaleiro parou de andar e apertou a mão em um sinal de fúria, Icarus e Morty pararam logo a frente, percebendo que o amigo tinha parado:
– O que houve? – Perguntou Icarus que estava por fora da conversa
Metchano abaixou o rosto:
– Morty, essa foi a última palhaçada que você fez enquanto vivo!
– Huh. – Morty engoliu em seco
O cavaleiro tirou a espada de treinamento:
– VOCÊ ME PAGA!
Metchano começou a correr atrás do monge feliz, e Icarus tentou acompanhá-los, mas não conseguiu e gritou:
– Voltem aqui! Vamos acabar nos separando!
Os dois não ouviram e deixaram Icarus sozinho para traz, perdendo-o de vista. Icarus pensou consigo mesmo:
– Essa não. Os dois são piores que cão e gato. – Disse coçando o nariz
O guardião olhou em volta: era um deserto puro, apenas com areia, sem bichos, sem plantas secas, muito menos cactos. O céu estava limpo, mas Icarus não podia olhar para ele por muito tempo, pois o calor do sol ardia-lhe os olhos:
– Ferrou – Disse ele
E sem opções, continuou andando, com a esperança de encontrar os dois.
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Metchano e Morty Magnum se cansaram de correr e caíram em areia exaustos, até se esqueceram da briga:
– Uff... – Morty Magnum estava ofegante – Eu ga-ganhei.
– Ga-ganhou o qu-que? – Disse Metchano exausto
– A co-corrida.
– Por que a ge-gente esta-tava correndo mesmo? – Metchano enfiou o rosto na areia
– O-olha! Um alienígena!
– DE-DENOVO NÃO!
Morty Magnum estava deitado de barriga para baixo com a cabeça levantada apontando para uma pessoa vestida de mágico chegando. Ao Metchano ver que era uma pessoa, se levantou e sentou-se, olhando para o mágico:
– Ei, não é um alienígena... É-é uma pe-pessoa. – Metchano coçava a cabeça
O monge feliz se levantou e ficou de pé, enquanto o aliení... a pessoa se aproximava lentamente, e de longe disse:
– Bem, então parece que foram pegos antes de mim, huh? – Dizia o mágico sorrindo
Morty Magnum bate na roupa para tirar o excesso de areia:
– Quem é você? – Perguntou Morty apontando para o sujeito
– Eu sou o alieníge.... Argh! – O mágico pôs a mão na cabeça – Que problema você, seu monge feliz, tem, huh? Está pensando em alienígenas!?
– AAAAH!!! – Morty gritou se afastando – Você é um! Você consegue ler mentes!!
– Isso mesmo – Ele tira a mão da cabeça – Consigo, porém não sou um alienígena. O mestre me...
– ...Enviou... – Cortou Metchano
– Parece que você já está acostumado com isso, huh? Mas enfim, meu nome é Barus, o grande mago.
– Nossa! – Exclamou Morty Magnum
– O que foi, feliz? – Disse Barus em voz de decepção
– Você é o primeiro vilão que eu vejo que não tem o nome que começa com "D"! – Disse Morty
– Engraçadinho, huh? Mas enfim, terminando as apresentações, fui contratado para acabar com vocês.
– Vai nos fazer em picadinho? – Perguntou Morty Magnum
– Na verdade não – Disse Barus mexendo na cartola – Tenho um jeito bem particular de acabar com meus inimigos.
– Vai nos torrar como o outro? Se for, não vai conseguir – Disse Metchano
Darus... Barus tirou um relógio-pêndulo do bolso e ficou balançando, Metchano e Morty olharam para o relógio, caindo em sono profundo. Barus riu e disse com uma varinha preta estendida para os dois:
– Pesadelo!!
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Icarus Morrisane caminhava em linha reta, durante horas, seguindo o mapa, porém ainda não havia encontrado nem sinal de seus amigos. Ele perde as esperanças e chega a falar consigo mesmo, de cabeça baixa.
– A esse ponto já devem estar mortos...
Mas Icarus levanta a cabeça e se anima:
– Não! Metchano é meu aprendiz, ele defenderá Morty e os dois jamais morrerão!
E abaixa novamente a cabeça:
– O pior é se Metchano tiver matado Morty Magnum de tanta raiva. Hm... Não, não, ele não faria isso. Sem dúvida eles ainda estão vivos – Levanta a cabeça sorridente
Após ter levantado sorridentemente a cabeça, ele vê um pequeno ponto preto se aproximando no horizonte árido, porém ele não se importa e continua andando. Ao chegar perto, ambos se encararam, era Barus, o mágico, que disse parando Icarus:
– Então, falta você, huh?
– Do que você está falando? – Disse Icarus com cara de dúvida
– Sabe, você, Morty Magnum, Metchano, falta mais alguém?
O guardião se espanta e dá um salto para trás sacando a nova e maravilhosa Morrisane e escudo:
– Do que você está falando?!
– Posso sentir seu medo, vejo que você é de um patamar maior que de seus amigos.
– Onde eles estão?!
– Estão vivos – Barus arruma a cartola – Se é o que quer saber, mas não devem durar muito tempo.
– Me leve para onde eles estão! Vou salvá-los! – Icarus apoiou a nova Morrisane no chão
– Com prazer, mas antes me fale uma coisa, huh? Tem mais algum amigo.
– Por que quer saber?
– Ou me fala, ou não vê teus amigos...
– Tem o Thunder Joe, um mercenário morto-vivo.
– Bom saber.
Barus tirou o pêndulo de dentro da capa e balançou-o, fazendo Icarus dormir, e com o guardião em sono profundo, disse:
– Quer ver seus amigos, huh? Certo, vamos lá, mas não vai adiantar muita coisa.
Mirou a varinha em Icarus e a outra mão apontada para a direção de onde ele havia deixado Metchano e Morty, e disse:
– Pesadelo, Vínculo mental.
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Icarus se encontrava deitado, em chão de ouro, próximo a um lago de cristal. Ele abriu os olhos e se levantou. Olhou para os lados e viu uma cidade completamente de ouro e jóias preciosas, o céu era de um azul inimaginávelmente lindo. Havia uma escadaria, que no topo dela havia um palácio com enormes torres feitas do mais puro ouro, seu telhado era de diamante lapidado, fazendo um reflexo de cair o queixo. Icarus disse consigo mesmo:
– Eu morri?
Um homem vestido de roupas finíssimas com uma barba e cabelos pretos se aproximou e disse:
– Não, você não morreu, ainda.
– Hm? – Icarus estava surpreso – De onde você surgiu?
– Eu moro aqui, pode me chamar de Masjehad, sou amigo próximo de Lorde Metchano e de seu hóspede, Mestre Magnum. O senhor deve ser Van Morrisane?
– Metchano? Morty Magnum? Sim, sou Morrisane, mas, o que está acontecendo aqui, Masjehad? – Icarus tinha uma expressão de como tivesse visto um fantasma
– Não se assuste meu amigo, está na maravilhosa Mechania. Pense em mim como seu guia, vou mostrar-lhe o lugar e te levar ao Lorde supremo. – Disse Masjehad chamando-o com as mãos
– O Lorde supremo é o Metchano?
– Sim, se assim você prefere chamar, e você é o Guardião supremo. Agora pode me seguir, explicarei mais no caminho.
– Certo – Icarus começou a seguir Masjehad –
– Os supremos são os que dominam este mundo, incluindo Mechania. – Disse Masjehad enquanto se dirigia para a escadaria
– Eu domino isso tudo aqui? – Disse Icarus com um sorriso
– Isso tudo e bem mais que isso. – Começaram a subir a escadaria
– Mas quem criou essa cidade? – Disse Icarus olhando em volta
– O Lorde supremo.
– Sério? Mas como?
– Eu disse – Falou Masjehad mexendo na barba – Os supremos dominam este mundo, podem fazer o que quiser.
– Eu posso fazer o que quiser aqui?
– Bem... você pode, mas não sei se o Lorde supremo ficará feliz se você mexer na cidade dele.
– E como faz?
– Fazer o que? – Disse Masjehad olhando para Icarus enquanto ambos subiam a escadaria
– Criar coisas aqui.
– Hahaha! Está na sua mente, faça o que quiser!
– Estou onde?! – Disse Icarus surpreso
– Na sua mente, na verdade na de vocês três.
– Como?
– Isso se deve ao chamado vínculo mental, que une as mentes de pessoas em sono profundo, com uma coisa chamada "Pesadelo".
– Pesadelo?
– Sim, quando sua mente possui um "Pesadelo", você é enviado até a mesma para acabar com ele. É esse o motivo de estar aqui.
– Meio complicado – Disse Icarus coçando a cabeça – E como é esse tal "Pesadelo", em?
– Depende de o que você pensa.
– Mas...
– Entendo sua confusão – Cortou Masjehad – Mas logo vai entender.
– Certo...– Ia dizendo Icarus subindo a longa escadaria – Mas se eu morrer aqui dentro da minha "cabeça", o que acontece na vida real?
– Aí vem o problema. – Disse Masjehad em tom de tristeza – Se você morrer aqui, vai ficar aprisionado para sempre dentro de sua mente, e jamais acordará, logo, vai morrer de fome e sede.
Icarus ficou em silêncio e focou o palácio. Masjehad tentou tranquilizá-lo:
– Não se preocupe, as chances disso acontecer são mínimas, apenas tenha cuidado.
– Terei.
Após bastante tempo subindo a enorme escadaria de ouro, chegaram ao palácio, Metchano e Morty os esperavam na porta. Icarus correu e abraçou Metchano:
– Por algum tempo pensei que estivesse morto – Disse Icarus
Metchano desfez o abraço:
– Sou seu aprendiz, jamais morrerei. – Disse com um sorriso
– Eu sei disso! Hehe. – Icarus fez um cafuné no cabelo de Metchano
Morty chamou a atenção:
– Ei, Icarus! Olha o que eu sei fazer!
Morty Magnum apontou para o céu, pequenas naves espaciais passavam:
– São alienígenas! – Disse Icarus
– Eu sei! Eu os criei.
– Ei Morty! – Metchano interrompeu a festa – Pare de ficar estragando minha cidade com seus ETs!
– Eu posso estragar mais que sua cidade!
– Ah seu!!
Masjehad, que até então estava observando o encontro dos amigos, interrompeu:
– Parem de brigar, vocês sabem que não têm muito tempo.
– Hã?! – Todos exclamaram
– Isso mesmo, o tempo vai passar, e quanto mais o tempo passa, duas coisas acontecem: Na vida real vocês vão ficando com fome, e aqui no mundo dos sonhos o pesadelo vai se expandindo. – Disse Masjehad em tom sério
Icarus e Metchano tiraram a espada, Morty Magnum olhando que os dois estavam em guarda, imitou-os, unindo os punhos:
– Onde está o pesadelo? – Perguntou Icarus
– Não tem como sabermos, precisamos procurá-lo em algum lugar.
Metchano pensou um pouco e disse:
– Espere, estamos em nossa mente, certo?
– Sim. – Respondeu Masjehad
– Podemos trazê-lo para cá!
– Não, o pesadelo não faz parte da mente de vocês, mas sim da mente de quem criou o pesadelo. – Explicou Masjehad
Os amigos se olharam, precisavam deter o tal pesadelo, por isso começariam uma rápida jornada dentro de suas próprias mentes. Icarus fez uma pergunta para Masjehad:
– Bem, se estamos em nossas mentes, podemos ver algumas de nossas memórias no caminho? Assim como alguns de nossos desejos?
– Exato, em tudo que pensarem, verão.
– Certo... – Icarus pensou um pouco e disse novamente – Mais uma coisa, com que se parece um pesadelo?
Masjehad virou-se de costas e olhou para o céu, com as mãos unidas pelas costas:
– O próprio nome já diz. É quando algo vai errado, algo que não era para estar na mente de vocês, algo indesejável. Se suas mentes forem iluminadas, o pesadelo será em trevas, se suas mentes forem de trevas, o pesadelo será iluminado.
– Entendi – Disse Icarus – Vai ser fácil achar então.
– Creio que sim – Masjehad virou-se de volta – Apenas sejam rápidos.
Icarus confirmou com a cabeça e fez um sinal para os amigos seguirem, mas ao olharem para a enorme escadaria a descer, hesitaram. Masjehad lembrou-os:
– Estão em suas mentes, sintam-se livres para acharem uma solução aos problemas. Quando precisarem de minha ajuda, basta me imaginarem, é assim que funciona.
Metchano deu um assovio e fez um sinal com a mão, um pequeno aeroplano descia do céu, e ao chegar, os amigos subiram. Morty disse:
– Bem pensado, mas eu preferia uma nave alienígena!
Icarus caiu na gargalhada, e Metchano ignorou o comentário. Os heróis adentraram a cabine, e se depararam com uma bela moça de cabelos azuis como pilota. Metchano exclamou para o grupo:
– Mas o que é isso?! Eu imaginei em um veterano de guerra como nosso piloto!
Morty Magnum balançava a cabeça de olhos fechados:
– Tsc, tsc, onde está sua masculinidade em Metchano?
Icarus riu bastante de Metchano, até ele expulsar a moça da cadeira do piloto e sentar:
– Eu sou o piloto agora! – Disse Metchano
– Mas você sabe pilotar? – Questionou Icarus
– E estamos na vida real? – Metchano puxou uma alavanca e fez o aeroplano se mover bem rápido
Morty se aproximou da moça e perguntou em voz baixa:
– Qual o seu nome?
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O aeroplano voava em alta velocidade, devido a um par de turbinas na traseira. Olhando-se pelas janelas era possível ver por onde o aeroplano sobrevoava, um campo completamente vazio, apenas a grama salvava o lugar de uma simplicidade extrema, o local era sem detalhes. Dentro do aeroplano, cão e gato brigavam:
– Caramba Metchano – Reclamava Morty – Por que você apagou a Esmeralda?
– Para você parar de ficar me zoando, seu imbecil – Retrucou Metchano com os olhos atentos ao para-brisa.
– Eu estava te zoando porque você é zoado! – Esclareceu
– Eu acho bom você parar de ficar me zoando, senão eu vou aí atrás.
– Vou fazer uma Esmeralda nova!
– Se você fizer isso eu acabo com sua raça!
– Raça?! Hehehe, eu sou branco, como você.
– Estou falando da sua raça felizinha-ridícula, seu idiota! – Metralhou Metchano
– Ah você vai...
– OLHA PRA FRENTE!! – Gritou Icarus
Metchano parou imediatamente o aeroplano, mesmo sem ver o que tinha na frente, e ao olhar, não acreditou, saiu do aeroplano e foi ver. Era uma cortina imensa de bolhas! Mas o mais interessante é que não era possível ver o fim e parecia haver conteúdo dentro das bolhas:
– Mas que... – Exclamou Metchano – Que droga é essa?!
Ele se aproximou, Morty e Icarus o seguiram:
– Deve ser perigoso passar por aí com o aeroplano – Disse Icarus
– Então como você acha que devemos passar? – Disse Metchano olhando de um lado ao outro.
– Andando.
– Andando aí dentro? Sem chance! Nem sei o que é isso.
Icarus avançou a frente e foi calmamente se aproximando da cortina, olhou para uma bolha, dentro dela, um salão do castelo de Prontera. Ele pensou:
"Castelo de Prontera? Talvez seja um teletransporte!"
Ele encostou na bolha, e a imagem se ampliou, tomando toda sua visão. Era possível ver uma cena, um garotinho loiro com roupas finas e seu avô com uma grande armadura, dizendo, com uma espada em mãos:
– Escute, meu netinho, essa espada aqui é a espada do seu avô, e quero dar esse livro também junto, quando aprender a ler, leia. Hoje eu vou me aposentar.
– Obrigado vovô Morrisane.
O garotinho pegou a espada e o livro. A imagem diminuiu da vista de Icarus, e voltou para a bolha. Ele disse bem baixo:
– Vovô...
De longe Metchano gritou:
– E aí, Morrisane? O que é isso?
Morrisane se virou e disse:
– Podem vir, é uma fenda de memórias, dentro dessas bolhas nós podemos ver algumas lembranças.
Morty Magnum e Metchano se aproximaram e entraram na fenda, juntamente com Metchano, lá dentro havia uma infinidade de bolhas:
– Ei! – Disse Morty – Olha essa! É uma maçã!
O monge-feliz encostou na bolha e sentiu um gosto de maçã:
– Hmm... maçã! Tem gosto de Poring.
Metchano encostou em uma bolha com uma nota musical dentro, e ouviu a música comum de Prontera:
– Além de lembranças, podemos escutar nossa memória sonora e sentir a memória gustativa também!
Icarus encontrou uma bolinha preta no chão. Era um preto tão fosco que parecia ser bidimensional:
– Ei olha! – Disse Icarus apontando para a bola em sua mão – Acha que isso é o pesadelo?
– Acho que não. – Disse Metchano – Olhe em volta, há mais algumas dessas no chão.
O guardião arremessou a bola contra uma bolha, fazendo-a entrar dentro dela. A bolha começou a escurecer, até ficar completamente negra e estourar:
– Estourou! – Exclamou Icarus apontando para as gotas pretas que caíram no chão
– Acho que isso é um jeito de esquecermos de nossas memórias que não queremos. – Disse Metchano pensativo
– Então vamos começar a limpeza!!! – Disse Morty com um monte de bolinhas nas mãos.
– NÃO! Pode acabar apagando algo que não queremos! – Disse Metchano pondo a mão na frente de Morty impedindo-o de lançar
– Ah! Escolher é chato. – Disse é Morty – "Os tolos escolhem porque não possuem confiança".
– Morty, esse ditado não existe – Disse Icarus com cara de desprezo – E ainda mais, não temos tempo para escolher agora, vamos simplesmente ignorar essas bolinhas e continuar o caminho.
– Ok. – Disse Morty com as bolinhas nas mãos ainda
Icarus observou o monge um pouco, até que disse:
– Largue elas.
– Seu chato. – Disse Morty soltando elas no chão.
– Agora vamos.
Continuaram andando por um tempo pela fenda, até que acharam uma saída. Saindo de lá, Metchano assoviou, e uma pequena aeronave prateada com turbinas e três bancos desceu:
– Esse não era nosso humilde aeroplano! – Disse Icarus
– Mas é bom dar uma renovada. – Riu Metchano
A cobertura de vidro se abriu e nossos heróis entraram dentro da aeronave. O cenário em volta era o mesmo de antes, uma fina camada de grama no solo. Passados dez minutos em alta velocidade, Icarus questionou:
– Há algo errado. – Disse ele
– Como assim? – Perguntou Metchano pilotando
– Estamos há alguns minutos sobrevoando isso aqui, e a única coisa que vejo é um deserto com grama!
– Tem razão! – Diz Metchano dando um soco de raiva no painel
– Espere. – Icarus presta atenção nas nuvens – Pare a aeronave, vou descer.
O guardião Morrisane desce da aeronave e olha para trás, e para a surpresa de todos, ele apenas vê a fenda das bolhas e cai ajoelhado no chão, com cabeça baixa:
– Nós, nós – Ele ia dizendo
– Não andamos, absolutamente nada! – Completou Metchano
Morty Magnum se adianta e toma frente dos dois:
– Eu acho que usar uma aeronave simplesmente, não é o melhor jeito de chegarmos a algum lugar.
– VOCÊ ACHA?! – Gritou Icarus se levantando – EU TENHO CERTEZA!!
– Calma Morrisane – Disse Metchano
– Que isso?! Invertemos papéis agora?! – Exclamou Icarus
– É sério, me lembro de alguma coisa caso precisássemos de ajuda...
– Chamarmos Masjehad. – Completou Morrisane
Masjehad apareceu atrás dele, sem perceberem, e disse chamando a atenção de todos:
– Parece que precisam de minha ajuda – Disse ele sorrindo – O que aconteceu? Andaram mas não andaram?
– Isso mesmo. – Disse Icarus se virando
– Parece que as coisas estão piores do que pensei... – Disse Masjehad abaixando a cabeça
– Como assim?! – Exclamaram em coro
– Conforme o tempo passa, o pesadelo vai "comendo" parte do nosso mundo, e pode ser que isso aconteça algumas vezes. Poucos pesadelos fazem isso, a maioria fica instalado em um lugar só.
– Precisamos encontrar esse pesadelo! – Disse Metchano – Mas não sabemos por onde procurar.
– Do jeito que as coisas andam – Disse Masjehad em voz sombria – Logo será o pesadelo que acabará achando vocês. E se isso acontecer, é porque ele já está bem poderoso.
– Mas venceremos ele de qualquer jeito! Podemos esperá-lo aqui!
– Não aconselharia isso, se o fizerem, o pesadelo pode acabar destruindo a fenda das memórias, e não querem que isso aconteça, querem?
– Temos um problemão! – Disse Morty sentando no chão.
– Não desistam, imaginem alguma coisa para procurar o pesadelo!
– Mas você disse que... – Começou Metchano
– Que não poderiam trazê-lo aqui. Vamos, pensem! É feito do mesmo material das bolinhas da fenda!– Terminou Masjehad
Icarus tirou do bolso uma pequena tela verde, nela um círculo crescia até passar da tela e sumir, e crescia novamente, revelando um ponto verde. Era um radar. E o resultado não era nada bom:
– Droga. – Disse Icarus olhando para o radar
– O que foi? – Disseram Morty e Metchano tentando ver o radar
– Ele está vindo para a fenda!
– Rápido! O que fazemos?! – Perguntou Metchano a Masjehad
– Simplesmente, usem a imaginação! É uma guerra entre suas mentes contra a mente de Barus. Se precisarem de mim, chamem.
Icarus fez um sinal para se unirem em uma rodinha. Ele disse:
– Bem, essa é uma das maiores guerras que já enfrentamos em nossas vidas, vamos dividir as posições. Metchano, você fica com o cargo de defender a fenda.
– Certo! – Disse Metchano
– Eu fico no ataque – Disse Icarus
– E eu?! – Questionou Morty
– Você me dá suporte. Tudo certo? – Conferiu Icarus
– Certo – Disseram os dois
Os três avançavam rapidamente, queriam encontrar o pesadelo o mais longe possível da fenda, e de acordo com o radar o pesadelo se aproximava lentamente:
– Eu acho que posso ver alguma coisa – Disse Icarus – Um ponto preto no horizonte.
– É, eu acho que também estou vendo, mas ele está aumentando ou se aproximando? – Perguntou Metchano
– Eu acho que os dois. Vá para a fenda e se prepare.
– Certo.
Metchano correu para defender a fenda:
– E você, Morty, atrás de mim – Disse Icarus
Morty se posicionou:
– Pronto!
Logo o ponto preto transformava a matéria em volta dele em bolinhas pretas e as unia em si, tornando-se cada vez maior, e criando um abismo enorme conforme ia avançando:
– Isso é perigoso – Afirmou Icarus com a Nova Morrisane em mãos – Vamos ter cada vez menos espaço para lutar.
Amigos e inimigos ficaram a uma distância boa de se começar a luta. Icarus cortou o ar com a Morrisane, fazendo uma rajada de ar atravessar a grande massa negra e fazer muitos pontos pretos voarem ao ar, porém logo se reuniram novamente. Vendo que era inútil tentar cortar, Icarus pensou em outra estratégia. Estendeu a mão para o Pesadelo e arremessou uma enorme bola de fogo, seguida de meteoros gigantes, queimando muitos pontos pretos, mas a velocidade em que eles se agrupavam novamente era maior. Ele põe a mão na cabeça e diz:
– Ai, minha cabeça – Gemeu ele – parece que usar esses golpes poderosos aqui dentro requerem muito esforço!
Morty Magnum estendeu a mão sobre Icarus e disse:
– Está melhor agora? – Aparentemente não havia feito coisa alguma
– Bem melhor! – Disse ele
– Mas agora a minha que está doendo... ai... – Gemeu Morty Magnum
– Vamos continuar!
Icarus respirou fundo e pensou em outra estratégia:
– Já sei – Disse ele
Estendeu a mão sobre a terra, e com sua mente arrancou-a, criando um abismo por baixo do pesadelo, porém ele não caía:
– O que?! – Exclamou ele – Isso flutua!?
– P-parece que sim – Gaguejou Morty Magnum, com dores de cabeça
O Pesadelo se aproximava cada vez mais, Icarus tentou recuar, mas percebeu que seus pés estavam presos na terra por um aglomerado de pontos pretos. Percebendo que Morty Magnum podia andar, disse:
– Morty! Recue, tente atacar de mais para trás!!
– Mas e você!?
– Eu vou ficar bem. – Disse Icarus seriamente, com uma expressão facial que lembrava: "Sou o mestre de vocês, se vocês não morrem, eu não morro"
Morty Magnum parou um pouco para olhar ele, e viu aquela frase em seus olhos, hesitou, mas voltou, ficou ao lado de Metchano, perto da fenda:
Aos poucos Icarus sentiu estar sendo sugado, primeiro foi seu escudo, após isso, lutava para que a espada ficasse com ele, o que não foi possível, logo ele foi para dentro do Pesadelo também.
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Fazia frio, havia pouca luz, Icarus, se levantou, pegou a espada e escudo no chão e olhou em volta, aterrorizado.
Era possível ver fantasmas terríveis, o terrível Satan Morroc com suas sombras, corpos estilhaçados no chão, e de todo tipo de mortos vivos, além de uma melodia maldita. Mas havia um cristal vermelho no meio, com um olho, que não transmitia medo.
Icarus tremeu, não conseguia se mover, fechou os olhos e tentou recuar, tudo o que ele tinha mais medo em sua vida estava em sua frente no momento. Morty Magnum chegou ao seu lado:
– Ei Icarus! Fica tranquilo, sou eu, Morty.
Icarus abriu os olhos e viu o monge com a máscara feliz:
– Ah que bom! – Icarus percebeu alguma coisa estranha, ele também tinha medo de fantasmas – Não está com medo?
– Estou, mas quero te mostrar uma coisa.
Morty Magnum tirou a máscara e mostrou uma caveira sangrenta por trás dela. Icarus gritou de terror, mas uma sombra desceu de cima, cortando "Morty" ao meio, tornando-o em pontos pretos que subiram como fumaça. Era Thunder Joe. Icarus sentiu esperança:
– Thunder Joe! Não é mais alguém para me enganar e assustar, é?
– Negativo, humano, sou eu mesmo. – Disse guardando as katares – Por que tremes tanto?
– Cara – Disse ele fechando os olhos novamente – ISSO AQUI É UM PESADELO EM PESSOA!!!
E começou a chorar. Thunder Joe ignorou o drama e disse:
– O cristal no centro, é a saída, se conseguirmos quebrá-lo, podemos dar adeus ao pesadelo.
– Então quebre!
– Isso não será possível – Disse Thunder Joe
– E por que?
– O cristal possui uma energia sombria forte, apenas golpes sagrados podem destruir, e eu não possuo algum.
– Mas eu não vou... – Disse ele ainda de olhos fechados
– Posso escoltá-lo até lá, com ainda de olhos fechados, apenas ouve o que digo e segue. Chegando no cristal, apenas bate nele. – Disse Thunder Joe olhando para o cristal
– Faça isso, é sua missão a partir de agora, Ok? – Disse Icarus de olhos fechados e com as mãos estendidas para saber por onde andava
– Positivo senhor, ignore gritos e não abre os olhos. – Disse Thunder Joe pronto para começar a andar
O morto vivo guiava Icarus pelo local, perfeitamente, derrotando os monstros no caminho.
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Do lado de fora...
Morty e Metchano conjuravam barreiras de fogo gigantes, para atrasar o avanço da grande esfera negra:
– Não dá! – Disse Metchano conjurando paredes – Ele se move mais rápido que nós o atrasamos e... minha cabeça está começando a doer!
– A minha está doendo há algum tempo, mas eu suporto – Disse Morty
– Tomara que Icarus esteja bem... – Sussurrou Metchano
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Do lado de dentro...
– Continua em frente... completo! Podes parar. – Ia guiando Thunder Joe – Abre teus olhos.
Icarus abriu os olhos e viu o cristal atrás de Thunder Joe, porém não havia só o cristal atrás dele:
– Thunder Joe! Atrás de você! – Icarus tirou a nova Morrisane e o escudo
Thunder Joe se virou e viu uma sombra, uma sombra exatamente igual a de Barus, recuou e disse:
– Fecha teus olhos, Morrisane, ainda não acabou! – Disse Thunder Joe
– Não, agora eu vou lutar. – Disse Icarus com uma expressão de superação
Thunder Joe olhou para ele como se estivesse fazendo a coisa certa, e começou a luta.
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Metchano caiu de joelhos no chão com a mão na cabeça:
– M-minha cabeça dói muito! – Gemeu – Se eu continuar... ela explode!
Permaneceu apenas Morty tentando conter a esfera negra que crescia:
– Não sei quanto tempo vou aguentar – Disse o monge
– Tomara que Icarus esteja bem.
– Ele está bem, pode crer.
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– É impossível! – Disse Icarus após tentar muitos golpes na sombra – Nem golpes elementais conseguem acertar!
Thunder Joe, fez um sinal para Icarus tentar quebrar o cristal, que estava atrás da sombra de Barus.
– Certo – Disse ele respondendo ao sinal
Icarus correu, e pulou tentando acertar um golpe, porém a sombra apareceu em sua frente e o empurrou com uma barreira, fazendo ele cair no chão:
– Ah! Ela não ataca, porém defende! – Disse ele se levantando
O morto-vivo tirou a runa mágica do bolso e mirou contra a sombra, emitindo uma grande rajada de luz, que era usada para deixar cego o inimigo, mas serviu como um jeito de amenizar a sombra. Icarus correu, deu um grande salto, e fincou a espada no cristal dizendo:
– "Lâmina de Morrisane!"
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Morty Magnum caiu no chão, estava sem forças, e a esfera se aproximava, já era possível sentir ser puxado:
– É o fim. – Disse Metchano
– N-não pode ser. – Disse Morty, sua máscara já não parecia tão feliz como antes – Chegamos muito longe para morrermos agora! E ainda perder toda a memória!
Eles eram puxados com cada vez mais força e tentavam segurar na grama, porém Metchano não conseguiu segurar muito forte, e começou a ser sugado, dizendo:
– Foi bom ser seu amigo! – Gritou enquanto era levado para dentro da esfera
Mas antes que pudesse ser sugado completamente, a esfera diminuiu, e ia se desintegrando, até sumir completamente, fazendo Metchano deixar de ser sugado e cair no chão.
Meio tonto, Metchano pôde ver os pés de Icarus e Thunder Joe, que estavam de pé, olhando para ele. O cavaleiro gemeu, caído:
– E-eu sabi-bia que você m-me salvaria. – E desmaiou
O mundo em que estavam começou a ficar branco, cada vez mais branco, as imagens ao lado se apagavam, mas Icarus, Thunder Joe e Metchano puderam ver de relance Masjehad, que fazia um sinal de adeus com a mão, com uma expressão de gratidão e lágrimas no rosto, antes que a imagem se apagasse completamente.
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O calor do deserto queimava o rosto de Metchano, que quando acordou viu os rostos de seus três amigos, que haviam se encontrado enquanto ele estava desmaiado. O cavaleiro se levantou e tirou o excesso de areia:
– Foi... uma aventura e tanto. – Disse ele
– Sem dúvida – Disse Icarus sorrindo – Até que foi legal, mas, não quero fazer isso novamente.
– Nem eu, minha cabeça ainda dói um pouco. – Disse esfregando o cabelo
– Foi legal jogar bola com os alienígenas também – Disse Morty
– Hã... isso não aconteceu, Morty – Disse Icarus olhando com desprezo para ele
– Ah não? – Disse Morty – Eu podia jurar que...
– Paremos nós de conversa – Interrompeu Thunder Joe – Temos ainda de chegar no ponto marcado no mapa.
Icarus alongou um pouco e disse:
– Vamos acabar com esse "Mestre" de uma vez por todas!
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Nossos heróis continuaram a aventura rumo ao esconderijo dos vilões, após essa grande e emocionante aventura que tiveram dentro de suas próprias mentes.
No caminho, ao se lembrar Metchano do enigma da runa, diz:
– Meu Deus! Eu já sei quem é o Mestre!
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Quem é o mestre?
Será que nossos heróis conseguirão chegar a tempo de pará-lo?
E Morty? Vai ver alienígenas de verdade?Descubra no próximo episódio!